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domingo, 18 de junho de 2017

BERNARDO DO ESPINHAÇO - MANHÃ SÃ

Nascido num alto de serra entre as águas mansas da Cordilheira do Espinhaço, Bernardo agora assina o nome das montanhas que permeiam suas canções. Paisagens de pedras, flores, rios e os povos isolados do sertão ocupam onipresentes a linguagem do músico.

Bernardo é um homem interessado pelas lonjuras. De lá ele traz o violão, a viola caipira, o acordeão e a flauta transversal. Mas sua linguagem musical converge pra contemporaneidade, e o músico soma sem temor programações eletrônicas, guitarras e toda parafernália capaz de distorcer e modificar o som, tornando-lhe visceral e próprio.

Entre 2003 e 2013 foi o criador e principal compositor do Músicas do Espinhaço. Banda que lançou três discos e teve o maior número de apoiadores e recurso recolhido através de um projeto de música na história do crownfunding em Minas Gerais. Bernardo é parceiro de artistas como o fundador e letrista do Clube da Esquina, Márcio Borges, seu irmão Lô Borges e o cantautor cearense Joaquim Izidro. Está também muito relacionado às causas ambientais, participando ativamente de diversos movimentos pela criação de parques e projetos de sustentabilidade nas montanhas brasileiras. 


Presente em diversas listas de melhores discos de 2014 o álbum "O Alumbramento de um Guará Negro numa Noite Escura", o primeiro de Bernardo do Espinhaço, é, como se lê, uma ode ao noturno.

Propositadamente contrastado com seu antecessor, "Manhã Sã" se serve do sol para acontecer. O set inicial do disco, com 5 canções, é solar e percussivo, repleto de programações eletrônicas, assinadas pelo próprio músico mas também por GA Barulhista, nome frequente nas trilhas de teatro e dança em Minas. Com a temática recorrente de Bernardo, sempre emoldurada pelos estonteantes cenários da Serra do Espinhaço e os baixos jazzistas oitavados de Frederico Heliodoro, estas canções iniciais se apresentam plurais. Cidades devastadas pela mineração, a simplicidade de um menino entregue aos prazeres num banho de rio ou a paixão erotizada pelos adornos da natureza são alguns dos temas presentes.

Mais acústico e ralentado, o segundo set propõe densidade, porem igualmente ensolarado e acessível. Momento ideal pra ser preenchido pelo pianista e arranjador Rodrigo Lana, e também pela rica concepção rítmica de Gustavo Campos e Rafael Furst. Num momento o poeta Manoel de Barros é o alvo lírico de umas das canções, noutro o tom confessional do amor fraterno, em canção feita para seu pai e avô. O pico do Itacolomi em Ouro Preto, o Parque Nacional Sempre-vivas e a Chapada Diamantina são alguns dos lugares retratados.

No encarte, todas as músicas, que são de autoria de Bernardo, receberam paralelos gráficos do artista plástico JB Lazzarini. A união de JB, que é natural da própria Cordilheira do Espinhaço, com Bernardo, surgiu de curioso encontro onde ambos se procuraram. Novamente presente, Manoel de Barros empresta seu límpido poema "O menino que ganhou um rio" que abre os textos e reforça a intenção tonal da obra: clareza, despretensão e singularidade.
 

Recomendo, um clássico ! 
Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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CANTO SAGRADO

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